ALBA FERRI
Biografia publicada originalmente em 1977:
Alba Ferri, filha do arquiteto Antônio Calabrezi e de D. Maria Maisano (parteira), nasceu em Itapeva, Estado de São Paulo, a chama “Capital dos Minérios”, onde fez o curso primário.
Estudou Desenho e Pintura na escola de Belas Artes de São Paulo (Capital). Em desenho e pintura foi aluna do professor Blakmann. Muito jovem casou-se com Angelo Giolito Ferri. Depois passou a residir em São Paulo, onde fez o curso Normal de Ensino Profissional.
No ano de 1960, voltou para Mogi das Cruzes, onde residiu aquele ano. Colaborou no Diário de Mogi e na Folha do Sul, de Itapeva.
Foi presidente da Associação de Mães Cristãs de Sant´Ana, prestando sempre auxílio às suas obras assistenciais.
Dedicava-se à música, à pintura, à poesia, às artes em geral.
Ultimamente era 1ª. secretária do Centro Mello Freire de Cultura, de Mogi das Cruzes, cidade onde faleceu, em abril de 1977.
|
ANUÁRIO DE POETAS DO BRASIL. 2º. VOLUME. Organização de Aparício Fernandes. Capa de Ney Damasceno. Rio de Janeiro: Folha Carioca Editora Ltda., 1977. 496 p.
Ex. bibl. Antonio Miranda.
PRIMAVERA
Perfume na mata.
A brisa passando,
consigo levando
o perfume das flores,
distante espalhando.
Cigarras cantam,
o canto dolente,
por entre as ramagens
quais sinos pendentes.
O sol, no nascente,
explode tão lindo!
em luzes cambiantes
aos poucos subindo.
Calor, primavera!
As flores reabrindo.
Riachos brincando
nos saltos, nas quedas.
O sol desferindo
seus raios ardentes,
ilumina os caminhos
em luz esplendente.
No alto, no céu,
aos poucos caindo,
já no poente
sumindo... sumindo...
PAISAGEM
Da graciosa curva
que a estrada faz
na parte alta
do encantado burgo,
descortina-se a cidade.
Linda, como um brinco
cintilando ao sol da manhã.
As torres de Sant´Ana,
da secular matriz,
são duas argênteas e
rotundas cúpulas
ao reflexo ardente
luz tropical.
Como zimbórios inflamados
no espaço celestial,
dominam o casario
de telhados coloniais,
no repousante verde-escuro
do arvoredo dos quintais.
Do outro lado,
as longínquas planuras
até então desconhecidas para nós:
Campos de criação, glebas de cultura,
sebes floridas, despertam, no coração,
um desejo ardente, sincero, sem igual,
de integração no bucolismo rural.
PORQUE GOSTO
Gosto. Por que não dizer?
De ver: as vibrações alheias,
os pensamentos estampados nos rostos,
as mais variadas reações no gesto,
quando tenho de enfrentar o humano ser,
pela vez primeira,
num encontro casual
ou em apresentação corriqueira.
Gosto do aperto de mão amigo.
Mão quente, suave, macia,
da fala mansa, serena,
ou de linguajar forte, vibrante,
com o seu todo de sabedoria!
Gosto do rio aberto, alegre, sincero,
de olhar profundo, direto, franco.
De carinhosa ternura dos teus olhos.
É ASSIM
Quero morrer numa noite de lua cheia,
ouvindo o zumbido da abelha,
trabalhando um favo de mel.
Quero sentir os odores dos odores
das mil flores, espalhada num vergel!
Quero ver a roseira trepadeira,
com uma rosa aberta na mão.
A sutil queda de uma folha seca no chão.
Quero ouvir o murmúrio das águas
em cataratas rolando numa cascata
parecendo carrossel!
Quero um raio de luar
para me iluminar.
Sentir a brisa passar... Respirar
o incenso das pétalas, ouvindo vozes de anjos
a cantar... Medo não vou sentir.
Pois terei tua presença,
enquanto o meu mundo existir.
Quero-te bem junto a mim, até o fim!
Em teu peito apoiada, estarei amparada.
Quero o teu braço apertado num abraço,
juntos ouviremos a nossa música.
Qualquer que seja, uma sinfonia, uma rapsódia,
até mesmo uma berceuse.
Emotiva a tua voz, me dirá em versos
as saudades que vou deixar...
E presa na calidez do teu abraço,
ouvirei as clarinadas do novo mundo por nascer.
É assim que quero morrer.
VEJA e LEIA outros poetas de SÃO PAULO em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html
Página publicada em maio de 2021
|